Porque ainda atendemos cães com cinomose?

O primeiro ponto que eu gostaria de abordar aqui é que a principal forma de prevenir a cinomose é vacinando com a múltipla canina (ou V10, V8). Outras situações que podem ser evitadas por favorecerem a transmissão desse vírus são: condições sanitárias ruins e aglomeração de cães em um espaço pequeno.

É uma doença altamente transmissível que acomete cães (e outros animais selvagens e domésticos – assunto para outros posts), principalmente filhotes. Porém, pode aparecer em qualquer momento da vida, se o mesmo não estiver devidamente protegido. Cães com cinomose devem ficar isolados até o fim do tratamento.
Quanto aos sinais clínicos da doença, temos as fases, que nos ajudam a compreender melhor os seus estágios:

Fase 1 – Oftálmica: Neste primeiro momento o animalzinho apresenta uma conjuntivite, com secreção ocular intensa e até um “olhar tristonho”;
Fase 2 – Respiratória: Tosse produtiva, dificuldade em respirar e até pneumonia;
Fase 3 – Tegumentar: Pústulas de pele em região abdominal e hiperqueratose de coxins (aumento desordenado dos coxins, formato atípico);
Fase 4 – Digestiva:  Vômitos e Diarreias;
Fase 5 – Neurológica: Tremores, espasmos, incoordenação motora, desmaios, convulsões.

A Cinomose pode levar o cão a óbito. É muito grave e seu tratamento é complexo, pois demanda uma extensa prescrição de medicamentos e suplementos – para que se estabilize e ampare os diferentes sistemas que o vírus acomete.

Dito isso, gostaria de retornar ao questionamento inicial, porque ainda vemos tal doença na rotina clínica?
Vou elencar aqui algumas situações que consigo identificar na prática como causadores dessa situação:

– Alguns tutores atrasam muito as vacinas. Não respeitam o prazo de um ano para revacinação;
– Compram filhotes de canis que não tem o manejo sanitário adequado;
– Não fazem a consulta pediátrica com exame de sangue ao comprar ou adotar o seu cãozinho;
– Confiam em vacinas não éticas, aplicadas por balconistas de casas de ração;
–  Levam o filhote para passear em áreas públicas sem que os mesmos tenham terminado o protocolo vacinal e estejam devidamente liberados pelo médico veterinário;
– Demoram a procurar o médico veterinário para uma consulta quando identificam qualquer um dos sintomas descritos acima;

Cada vez mais a medicina veterinária vem avançando com novos recursos e soluções preventivas. Algumas pessoas podem achar exagero, não querendo aderir às recomendações veterinárias. No entanto, cabe a nós que “estudamos bichos” (risos), educar a sociedade e nos mantermos atualizados a fim de preservar vidas.

A foto é do Nico. Ele já teve cinomose há uns anos atrás. Chegou até a fase neurológica. Ficou com algumas sequelas muito pequenas. Hoje está curado e vive uma vida normal. A tutora Clara autorizou a postagem da foto.

M.V. Evelyn Ribeiro Roza
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