Os nematódeos do gênero Heterakis são capazes de causar impacto negativo em aves cativas de zoológicos e aves silvestres de vida livre (TAYLOR et al., 2016). Ao menos uma espécie deste gênero foi relatada em cada continente do mundo, com exceção da Antártida, sendo encontradas em pelo menos 107 espécies silvestres, incluindo diversas aves brasileiras da ordem Tinamiformes (ATKINSON et al., 2008).
Seu ciclo de vida é direto, possuindo gafanhotos e moscas domésticas como carreadoras mecânicas para os ovos. Os adultos chegam até 1,5cm, parasitando o ceco dos hospedeiros definitivos, encapsulados em nódulos na mucosa e com acesso ao lúmen, onde são liberados os ovos (ROBERTS et al., 2013). Quando em temperatura ideal, seus ovos tonam-se infectantes em por volta de duas semanas, se mantendo viável por vários meses no solo. Minhocas também podem servir de transportador quando os ovos não eclodiram, ou até mesmo como hospedeiro intermediário, onde a L3 permanece em seus tecidos até a ingestão pelo hospedeiro definitivo (TAYLOR et al., 2016). Seus ovos possuem formato ovoide, com casca lisa e normalmente sem segmentação do conteúdo (BOWMAN, 2014).
Parasitas desse gênero são comumente encontrados em aves da ordem Galliformes quando mantidas em cativeiro, além de haver relatos de infecção de papagaios mantidos em zoológicos e criadouros comerciais (HOFSTATTER e GUARALDO, 2015), bem como em gavião-carijó, trinca-ferro (MARIETTO-GONÇALVES et al., 2009) e calopsita (LIMA et al., 2017).
Apesar de não serem considerados nematódeos patogênicos, eles podem carrear o protozoário Histomonas meleagridis, que pode causar graves ulcerações na mucosa cecal de perus e pavões (ROBERTS et al., 2013; COSTA et al., 2018). Já foi relatado caso de quadros de diarreia e morte súbita em aves devido a infecção por este protozoário (Santos et al, 2008).
Referências Bibliográficas:
ATKINSON, C. T.; THOMAS, N. J.; HUNTER, D. B. (Eds). Parasitic Diseases of Wild Birds. Ames: Blackwell, 2008. 595 p.
BOWMAN, D. D. Georgis’ Parasitology for Veterinarians. 10.ed. Saint Louis: Elsevier Health Sciences, 2014. 499 p.
COSTA, R. A.; PEREIRA, A. P. M.; SILVEIRA, C. S.; ANJOS, B. L. Infecção natural por Histomomonas meleagridis em pavões-indianos (Pavo cristatus). Acta Scientiae Veterinariae, v. 46, 2018.
HOFSTATTER, P. G.; GUARALDO, A. M. A. Parasitological survey on birds at some selected brazilian zoos. Revista Brasileira de Parasitologia Veterinária. Jaboticabal, v. 24, n. 1, p. 87-91, Mar. 2015.
LIMA, V. F. S.; BEZERRA, T. L.; ANDRADE, A. F.; RAMOS, R. A. N.; FAUTINO, M. A. G.; et al. Gastrointestinal parasites of exotic birds living in captivity in the state of Sergipe, Northeastern Brazil. Revista Brasileira de Parasitologia Veterinária, Jaboticabal, v. 26, n. 1, p. 96-99, Mar. 2017. Disponível em: .
MARIETTO GONÇALVES, G. A.; MARTINS, T. F.; LIMA, E. T.; LOPES, R. S.; ANDREATTI FILHO, R. L. Prevalência de endoparasitas em amostras fecais de aves silvestres e exóticas examinadas no Laboratório de Ornitopatologia e no Laboratório de Enfermidades Parasitárias da FMVZ-UNESP/Botucatu-SP. Ciência Animal Brasileira, v. 10, n. 1, p. 349-354, 2009.
ROBERTS, L. S.; JANOVY, J. J.; NADLER, S. Foundations of Parasitology. 9.ed. Nova Iorque: McGraw-Hill, 2013. 697 p
SANTOS, G. G. C.; MATUELLA, G. A.; CORAIOLA, A. M.; SILVA, L. C. S.; LANGE, R. R.; SANTIN E. Doenças de aves selvagens diagnosticadas na Universidade Federal do Paraná (2003-2007). Pesquisa Veterinária Brasileira, Rio de Janeiro, v. 28, n. 11, p. 565-570, nov. 2008.
TAYLOR, M. A.; COOP, R. L.; WALL, R. L. Veterinary Parasitology. 4.ed. Chichester: Wiley Blackwell, 2016. 1006 p.
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Respostas de 2
Minucioso e detalhado, muito bom!
Muito obrigado! Gostaria de saber mais sobre algum gênero de parasito?