Pertencentes à família Strongyloididae, Strongyloides são parasitos facultativos que possuem uma fase de vida livre e uma fase de vida parasitária, com reprodução por partenogênese. Este gênero inclui 52 espécies de nematódeos parasitas de vertebrados. Porém, poucas espécies têm como hospedeiros os anfíbios, os répteis e as aves, sendo a maioria hospedeiros de mamíferos domésticos, como cães e gatos, e os animais de produção como bovinos, ovinos e suínos (Grove, 1989; Dorris et al., 2002). As espécies que possuem as aves como hospedeiro são : S. avium, S. pavonis, S. turkemica, S. quiscali, S. oswaldoi, S. herodiae e S. minimum (Vicente et al., 1995; Grove, 1989).
Espécies desse gênero podem ser encontrados tanto na vida livre (macho e fêmea) como como parasitos (fêmea) (Baker, 1983; Klingenberg, 1993, Lane e Mader, 1996; Klingenberg, 2000; Harvey, 2001). O exame microscópico direto pode revelar fêmeas parasitas ou, mais comumente, rastros de ovos deixados pela fêmea conforme ela migra pela mucosa intestinal (Wilkes et al., 2004). Na fase parasitária ocorre a autoinfecção quando larvas filariformes penetram no intestino e começam um novo ciclo (Viney ME, 1996). Muitos casos de persistência de infecção por Estrongiloidíase se dá pela autoinfecção não tratada (Puthiyakunnon et al., 2014).
Realizam reprodução por partenogênese, onde os ovos larvados (L1) são liberados nas fezes, onde irão se desenvolver até a fase infectante (L3). Contudo, são capazes também de gerar L3 não infectantes, que irão se desenvolver como larvas e adultos de vida livre. Após a infecção, as larvas fazem passagens pelo coração e vias pulmonares, fazendo a muda para L4), sendo então redeglutidas (Martins, 2019). Com a muda de L4 para a fase jovem, fixam-se na metade superior a um terço do intestino delgado do hospedeiro (Baker, 1983; Klingenberg, 1993, Lane e Mader, 1996; Klingenberg, 2000; Harvey, 2001). Seus ovos são elipsóides, com comprimento de 40 a 85 μm, com uma parede fina contendo uma larva, a presença de larvas nas fezes frescas também é diagnóstico de infecção por Strongyloides. Seus ovos eclodem em pouco tempo e, com isso, o exame de fezes fresca permite a detecção de estágio adequada, além de que as fezes podem ser contaminadas por outros parasitas de vida livre, dificultando a subsequente coleta e identificação de larvas de Strongyloides (Viney e Lok, 2005).
Ao passar pelo pulmão podem ocasionar sintomas respiratórios. Suas formas adultas promovem a erosão de vilosidades intestinais onde estão instaladas, o que acaba desencadeando uma infecção, levando a enterite catarral. Outras possíveis consequências são: aumento do peristaltismo com consequente diarreia, má absorção alimentar e desidratação, gerando defasagem no desenvolvimento de animais jovens, aumentando seu risco de morte (Martins, 2019).
Referências bibliográficas
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