Medicina Veterinária preventiva na Bovinocultura

Os medicamentos representam uma parcela significativa nas despesas de uma fazenda destinada a criação de bovinos, comprometendo muitas vezes o sucesso do empreendimento. Isso se deve a erros de manejo que poderiam evitar que os animais adoeçam e gerem prejuízos para os criadores por pura desinformação.

Muitas pessoas começam a atividade sem buscar orientação técnica, se convencem de que um hábito praticado a vida inteira não possa ser alterado, ou ainda colhem informações de baixa qualidade de fontes tendenciosas. Uma atividade que requer tanta perícia sendo executada sem pleno conhecimento fatalmente pode resultar em rebanhos inteiros sendo acometidos por uma enfermidade. Já imaginou o prejuízo? Ter que tratar 20, 30, 40 vacas de uma só vez para conter o avanço de uma doença? Um evento desses pode determinar a falência de um criador, como eu já vi acontecer.

Os surtos que acompanho com maior frequência são de doenças evitáveis por meio de vacinação ou doenças infecciosas que são controláveis por medidas de higiene e manejo. Então, como diria a minha avó: “É melhor prevenir do que remediar.” E para isso, todos os aspectos da criação dos animais devem passar por uma rigorosa avaliação de um médico veterinário capacitado, desde as instalações, pastagens, equipamentos e anotações até um exame completo dos animais. Assim o profissional poderá diagnosticar os problemas atuais e reconhecer o que precisa ser alterado para prevenir problemas futuros.

Medicina Veterinária preventiva é um conjunto de práticas que leva em consideração a saúde física e mental dos animais, sendo assim, as práticas de bem-estar precisam ser implementadas na fazenda para o sucesso de um programa de prevenção de doenças. Uma vez que, assim como nós, humanos, o estado constante de estresse é capaz de reduzir as defesas imunológicas dos animais deixando-os mais susceptíveis a patógenos.

            Bovinos extremamente rotineiros, e precisam que os horários dos manejos sejam obedecidos com rigor, não devemos modificar nada de forma abrupta. Necessitam de sombra, água limpa e alimento em quantidade e qualidade compatíveis com seu peso e estágio fisiológico. Precisam de instalações com piso antiderrapante para evitar acidentes, e ventiladas para prevenir a disseminação de patógenos. Não devem se deslocar por locais com lama ou pedras para preservar a estrutura do aparelho locomotor. E ainda precisam ser manejados sempre com muita tranquilidade, entre outros muitos outros cuidados que se deve dominar antes de iniciar a atividade.

Outra ação muito importante é providenciar treinamento de qualidade para toda a equipe envolvida na lida com os animais, mesmo aqueles que aleguem já terem experiência no assunto. Na bovinocultura, principalmente a leiteira, o contato entre os animais e o homem é diário e estreito, e por isso, os funcionários precisam ser orientados a manter a calma e paciência durante todos os manejos, seguir medidas de higiene rígidas, compreender o comportamento dos bovinos e saber identificar os primeiros sinais de que um animal não está bem.

Mais um fator de extrema importância é manter um diálogo saudável entre toda a equipe, é preciso saber se os colaboradores estão satisfeitos, quais são os problemas enfrentados por eles no dia a dia, e o que pode ser melhorado para que a logística da propriedade seja mais eficiente. Com a manutenção de uma equipe bem gerida a chance de todo o fluxograma de atividades traçado ser cumprido é muito maior.

Concluindo, muitas vezes a adequação de um sistema de criação às medidas de prevenção pode parecer trabalhosa e cara, no entanto tais investimentos são duradouros, se traduzem em maior economia a longo prazo, além de resultarem em uma rotina muito mais tranquila para os animais, colaboradores e proprietários.