Causadoras da doença denominada coccidiose, as Eimerias são protozoários do da classe Sporozea e da sub-classe Coccidia. Este gênero infecta uma grande variedade de hospedeiros e causam doenças entéricas. Pode-se destacar como espécies de maior importância para a avicultura ao provocar infecções no trato intestinal do animal: E. acervulina, E. brunetti, E. maxima, E. mitis, E. necatrix, E. praecox e E. tenella (Embrapa, não informado), causando prejuízos para a indústria avícola estimados em 800 milhões a 3 bilhões de dólares ao ano (Allen e Fetterer, 2002; Shirley et al., 2004).
Esse gênero foi proposto por Schneider em 1875, levando em consideração o aspecto morfológico do oocisto esporulado, sendo composto por quatro esporocistos contendo dois esporozoítos cada um. (cf. Hammond et al., 1973). Em geral, os parasitas do gênero Eimeria causam enterites de grau variável, podendo ocasionar desde lesões quase imperceptíveis até danos significativos e profundos na mucosa, podendo levar a hemorragias e até necrose. A morbidade da doença em animais confinados é muito alta, porém com mortalidade relativamente baixa, geralmente estando associada a infecções bacterianas secundárias. Há algumas espécies capazes de colonizar outros órgãos além do intestino, como a E. stiedai de coelho, que coloniza o epitélio dos dutos bilires, causando lesões hepáticas (Pakandl, 2009).
Seu ciclo de vida se inicia pela ingestão de um oocisto esporulado. Em aves, a parede do oocisto é rompida mecanicamente pela ação da musculatura da moela e da abrasão de detritos ingeridos. Quando isso ocorre, as células epiteliais do intestino e células de lâmina própria são invadidas pelos esporozoítos, podendo haver também uma migração dos mesmos para o local específico de desenvolvimento. Com isso, eles invadem células da mucosa intestinal, diferenciando-se em esquizontes, que realizam uma reprodução assexuada através da multiplicação por fissão múltipla. Ao amadurecer, ocorre sua ruptura, liberando merozoítos na luz intestinal, podendo assim infectar novas células do hospedeiro (Hammond et al,. 1973; McDougald et al., 1997; Min et al., 2004; Shirley et al., 2005).
Passados um ou mais ciclos de esquizogônia, o parasita se diferencia em macrogametócitos e microgametócitos. Os microgametócitos se rompem, liberando microgametas (formas biflageladas capazes de se locomover em direção ao macrogametas, os fecundando e produzindo zigotos). Cada zigoto resultante dessa liberação resulta na formação de um oocisto não esporulado (seu único estágio de vida diploide), e ao romper as células intestinas, eles são liberados no ambiente com as fezes, estando sob forma não infectante. Ao exposto em condições adequadas de temperatura, umidade e oxigenação, este oocisto sofre uma meiose seguida de duas mitoses, gerando um oocisto esporulado, possuindo em seu interior quatro esporocistos, os quais possuem dois esporozoítos cada um, onde irão completar o ciclo de vida ao serem ingeridos por um novo hospedeiro não imune. Este processo é denominado esporulação (ou esporogônia) (Hammond et al,. 1973; McDougald et al., 1997; Min et al., 2004; Shirley et al., 2005).
Referências Bibliográficas
Allen PC, Fetterer RH. Recent advances in biology and immunobiology of Eimeria species and in diagnosis and control of infection wth these coccidian parasites of poultry. Clin Microbiol Ver. 2002 Jan; 15(1):58-65
AMARANTE, AFT. Eimeriose. In: Os parasitas de ovinos [online]. São Paulo: Editora UNESP, 2014, pp. 138-145. ISBN 978-85-68334-42-3. Available from SciELO Books .
Embrapa – Parque Estação Biológica. Parasitas. Elaborado por Cássio André Wilbert. Disponível em: https://www.agencia.cnptia.embrapa.br/gestor/frango_de_corte/arvore/CONT000fc6egldw02wx5eo0a2ndxyt4epy6m.html. Acesso em: 24 set. 2021.
Hammond DM, Long PL. The Coccidia: Eimeria, Isospor, Toxoplasma AND Related Genera. London: Baltimore & Butterworths: University Park Press; 1973. 539 p.
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Shirley MW, Ivens A, Gruber A, Madeira AM, Wal KL, Dear PH, Tomley FM. The Eimeria genome projects: a sequence of events. Trends Parasitol. 2004 May;20(5):199-201
Shirley MW, Smith AL, Tomley FM. The biology of avian Eimeria with na emphasis on their control by vaccination. Adv Parasitol. 2005;60:285-330